sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

HISTORIA LOCAL, Goubert. Pierre

HISTÓRIA LOCAL Pierre Goubert* Trad.:Maria M. Lago**
*GOUBERT, Pierre. Local History. l N: Historical St udies Today. Ed. by Felix Gil-bert and Stephen R. Graubard. N.Y. Norton & Co., 1972.
** 25 anos.bacharelanda em história pela Universidade Federal Fluminense, Revista Arrabaldes. Ano l, n9 1, maio/agosto 1988
Denominaremos história local aquela que diga respeito a uma ou poucas aldeias, a uma cidade pequena ou média (um grande porto ou uma capital estão além do âmbito local), ou a uma área geográfica que não seja maior do que a unidade provincial comum (como um county inglês, um contado italiano, uma Land alemã, uma bailiwick ou pays francês). Praticada há tempos atrás com cuidado, zelo, e até orgulho, a história local foi mais tarde desprezada - principalmente nos séculos XIX e primeira metade do XX — pêlos partidários da história geral. A partir, porém, da metade desse século, a história local ressurgiu e adquiriu novo significado; na verdade, alguns chegam a afirmar que somente a história local pode ser autêntica e fundamentada.
Por um longo período — pelo menos até aquele momento em que as ideias passaram a circular mais rapidamente (séc. XVIII) e os homens a se deslocarem com mais frequência e rapidez (durante a revolução acarretada pelas ferrovias, no século XIX), o ponto de referência da maioria dos europeus era a paróquia, no campo, ou a pequena cidade e os seus arredores, ou seja, a grosso modo, a faixa de terra percorrida em um dia de caminhada, de 10 a 15 km, ou em um dia de cavalgada, cerca de duas ou três vezes mais. Prevaleciam nesses lugares as mesmas leis (costume local), assim como idênticas práticas culturais (métodos de cultivo do solo, qualidade das sementes, modelo das ferramentas, época de inicio de pastagens e corte de madeira), sociais e económicas (ocasião de contratar mão-de-obra, época dos mercados semanais e das feiras trimestrais ou anuais), regras senhoriais iguais, bem como a mesma área judiciária e administrativa e as mesmas crenças religiosas. A maior parte dos habitantes nunca ultrapassava as fronteiras de seus distritos; seus filhos lá permaneciam; encontravam-se nas imediações um padre, um juiz, um senhor de terras, um tabelião e um mercado. A parte culta da população deslocava-se com facilidade: advogados promissores poderiam obter alguns de seus títulos nas universidades vizinhas; futuros padres frequentavam seminários diocesanos, quando esses existiam; os nobres, quando não viajavam para longe em razão de guerra, iam para os castelos dos pais ou de suseranos, localizados fora de seus domínios ou, algumas vezes, da própria província. Havia, também, naturalmente, os mendigos e errantes; todos, entretanto, sentiam-se, em primeiro lugar, cidadãos de suas cidades e províncias natais — de Dijon e Borgúndia, de Amiens e Picardia, de Nïmes e Languedoc, de Aix e Provença, de Saint-Brieuc e Bretanha — e só depois eram franceses, embora se reconhecessem como súditos fiéis e obedientes ao rei. Somente pequenos segmentos da sociedade - as camadas mais altas e mais baixas - poderiam não se sentir ligados a uma região ou lugar particular. Os grandes financistas e capitães, assim como os bandos de mendigos ao longo das estradas não estavam intencionalmente longe de seus lares; todos sabiam (especialmente estes últimos, quando questionados pela polícia), de que província, diocese e paróquia provinham.
Num tipo de vida tão confinada, as atividades intelectuais da pequena minoria relacionavam-se ou com reflexões sobre textos antigos — gregos e romanos, principalmente —, ou com a história da região, entendendo-se esta como sendo as terras da família. Quanto tentavam produzir histórias
— histórias como eram escritas antes dos Essais sur lês Moeurs*, de Voltaire — davam ênfase à tradição** às particularidades e aos atos heróicos célebres da cidade ou província. Nos fins do século XVI, eram lugar comum histórias provinciais que se resumiam em meras listagens de famílias nobres, castelos, feudos, abadias e ordens religiosas, ou histórias de cidades, simples enumerações de títulos, privilégios, nomes famosos e mexericos sobre a cidade natal do escritor. Mais tarde, as instituições mais fortes da província (os Estamentos, os Parlamentos) publicavam suas histórias, motivados por sentimentos corporativos e como um meio de proteger seus interesses. Frequentemente, monges dedicados à pesquisa (os beneditinos, por exemplo) reuniam e publicavam corpus documentais relativos ás suas províncias, o que, em geral, era feito com muito cuidado1. Tais obras continham na maioria das vezes atos legislativos ou administrativos, escrituras de fundação, documentos feudais e outros materiais relacionados às grandes famílias nobres, aos padres dedicados e aos abades que tinham sido mais influentes; eram por vezes apologias, quase hagiografias, mas mesmo atualmente, não podem ser desprezadas, pois frequentemente se referem a textos de documentos perdidos, apresentando as únicas versões ainda existentes.
O século XIX foi a época de ouro da história local, pelo menos na França. Seguindo e ampliando o exemplo dado pelas academias provinciais da segunda metade do século XVIII, apareceram em cena muitas 'associações' que se autodenominavam 'eruditas' ou 'letradas' (e ocasionalmente o eram), durando, por vezes, uns poucos anos. Seus membros eram elemen-tos típicos da sociedade burguesa: magistrados, notários, padres, spinsters***, rentiers, uns poucos professores e pequena nobreza. Dentre milhares de papéis e centenas de volumes publicados na França a partir da metade do século XIX, talvez apenas a décima parte seja digna de exame, e se aproveite somente um centésimo2. Essa ciência social dopetítbourgeois seria de vantagem para uma análise sociológica e psicológica feitas com seriedade. A fraqueza desses trabalhos pseudo-históricos explica em parte o descaso demonstrado pêlos historiadores profissionais do início do século XX em relação à história local — um emaranhado de genealogias oportunistas, glórias usurpadas e afirmações infundadas.
........................................
* Essais sur lês moeurs et lês espríts dês nations et lês princípaux faits de 1'Histoire depuis Charlemagne jusqu'à Louis XIII. (Nota de Tradutora) ** No original inglês, antiquities. (Nota da Tradutora) *** Originalmente a palavra sp/nster (de spin: fiar, tecer) era acrescentada ao nome da mulher para indicar sua ocupação. A partir do séc. XVII (e, portanto, no período indicado pelo autor), a palavra passou a designar juridicamente, na Inglaterra, uma mulher solteira. Nos dias de hoje, a palavra significa simplesmente solteira, ou popu-larmente, solteirona. (Nota da Tradutora) ............................................ Tal desprezo pela história local explica-se ainda pelo modo como a história 'geral' era vista e concebida pêlos historiadores profissionais. A história geral era política, militar, diplomática, administrativa e eclesiástica. Estudar o Estado envolvia o estudo dos estadistas; estudar a guerra possibilitava o estudo das proezas militares dos generais; estudar relações internacionais implicava na publicação de memórias de embaixadores; estudar religião levava à reconstituição dos feitos de papas e bispos, geralmente santos e devotos; o estudo da história administrativa (escrita a partir de registros burocráticos encontrados em Paris) era entendida como sendo o estudo da história de todo um povo. Uma psicanálise retrospectiva dos historiadores do século XIX provavelmente revelaria que muitos dos que escolheram escrever sobre a monarquia identificavam-se em maior ou menor grau com o monarca; que o historiador de um determinado ministro imaginava-se, por vezes, governando o país. Muitas das curiosas histórias que foram publicadas poderiam ser explicadas por uma interpretação freudiana elementar. As primeiras tentativas sérias em história local foram feitas por historiadores que se situam entre os melhores. Eles compreenderam que uma tese ou interpretação, por mais engenhosa que fosse, necessitava basear-se em fatos precisos. Fatos precisos possuem dimensão espacial, bem como dimensão temporal. Assim, Sébastien Vauban, pleiteando uma reforma fiscal, utilizou os claros exemplos da eleição de Vézelay, sua terra natal, e da Normandia, onde se encontrava com frequência3. Assim, o demógrafo Messance4, opondo-se com razão à tese da despopulação da
França, postulada brilhantemente por intelectuais tão famosos quanto não habilitados para a demografia, como Montesquieu e Voltaire, provou a partir de uma análise estritamente regio¬nal de numerosas paróquias em Lionês, Auvérnia e norte da Normandia, que a população francesa cresceu perceptivelmente entre o final dos séculos XVII e XVIII. Alexis de Tocqueville, em seu grande projeto no sentido de com-preender ao mesmo tempo o agonizante Antigo Regime e a Revolução Francesa, utilizou registros burocráticos provinciais, particularmente de Tours, ilustrando com exemplos precisos as realizações dos estados do Languedoc5. A prática histórica, porém, pode depender do trabalho de homens talentosos?
A técnica de Alphonse Feillet, contemporâneo de Napoleão III, foi mais comum e mais amplamente utilizada. Muitas vezes negligenciado, esse historiador da miséria da França ao tempo da Fronda6 acreditava que o povo francês não conhecia suficientemente os malefícios da 'legítima' monarquia dos Bourbons. Para confirmar essa hipótese bastante simples, que se relaciona com a miséria dos franceses de antes, durante e depois da Fronda, Feillet utilizou memórias, cartas, monografias e ensaios publicados em grande número no século XIX: praticamente em todos os meses entre os anos de 1640 e 1660 podia-se encontrar uma aldeia francesa onde as pessoas morriam de peste ou subnutrição, ou onde a violência de soldados desembocava em desordem generalizada. Um historiador que fizesse cuidadosa leitura desses documentos e quisesse provar o oposto, com certezaseria igualmente convincente. É bem possível provar-se que durante o reinado de Luiz XIII a França tenha sido tão próspera quanto miserável: há apenas que se escolher pacientemente as evidências no mar de histórias locais publicadas.
O método de Feillet (embora ele nunca tenha pensado em criar um método, pois nesse tempo poucos demonstravam preocupações metodológicas) tornou-se de fato amplamente utilizado. Qualquer tese, seja ela brilhante, surpreendente ou paradoxal, pode se basear em exemplos selecionados escolhidos dentre velhos estudos eruditos de variadas províncias. A história transforma-se num jogo, onde ingénuos amadores de história local oferecem a outros materiais que consideram úteis.
Somente nos últimos vinte anos um novo tipo de história local tornou-se possível. Historiadores que, não tendo em geral nascido nas regiões estudadas, e não expressando por essa devoção filial, trouxeram novamente à moda o retorno a arquivos inexplorados de certa região e de um dado período. Essa nova tendência surgiu da insatisfação em relação aos métodos históricos vigentes e da preocupação com o estabelecimento de novos tipos de questões históricas. Os historiadores das gerações anteriores preocupavam-se sobremaneira com problemas das classes altas. Para usarmos exemplos franceses, seria corre-to afirmar que a velha escola estava interessada em legisladores e não no implemento das leis, naqueles que governam e não nos governados, no clero e não nos fiéis, nas memórias de homens letrados descrevendo seus países e não nas realidades desses mesmos países. A volta à história local origina-se de um novo interesse pela história social — ou seja, a história da sociedade como um todo, e não somente daqueles poucos que, felizes, a governavam, oprimiam e doutrinavam — pela história de grupos humanos algumas vezes denominados ordens, classes, estados. Tal história tinha um interesse tão grande em corpos e mentes de muitos quanto nos planos universais e reflexões profundas de poucos; tão preocupada com a história do pão, do óleo e do vinho, quanto com a história de estatutos corporativos e regras militares. Entretanto, uma história que pretenda dar conta de todos os aspectos da vida humana, em todas as classes, encontra de início um obstáculo maior: os números.
Não é muito difícil estudar trinta intendentes franceses ou vinte embaixadores; no entanto, tentar estudar centenas de milhares de citadinos e milhões de camponeses em todos os aspectos de suas vidas apresenta dificuldades insuperáveis. Historiadores envolvidos em tais matérias não reclamam da falta de documentos, mas sim da sua abundância; não possuindo qualquer técnica de amostragem e considerando o estado dos arquivos, os historiadores tentaram limitar suas dificuldades
concentrando suas atenções numa regiá"o geográfica particular, cujos registros se encontravam bem reunidos, o que possibilita sua análise através do trabalho de uma única pessoa. Lucien Febvre já em 1911 assim o fez para o Franco Condado. Dez anos depois, Gaston Roupnel fez o mesmo para a região de Dijon7. Esses primeiros trabalhos passaram despercebidos, provavelmente por serem regionais em demasia. Nas universidades francesas daquela época (e mesmo dos anos seguintes), esse tipo de história era considerada por demais limitada. Esses pioneiros, porém, logo tiveram seguidores, e a estes se juntaram outros tantos, que uma espécie de superprodução de história regional é hoje, pelo menos na França, uma ameaça real.
Porque essas monografias regionais foram tão importantes? Por que estabeleceram certas evidências, em alguns pontos limitadas, mas de qualquer modo evidências; suas estatísticas, compiladas com certa margem de segurança, contestavam algumas das ideias 'gerais', preconceitos e aproximações que na falta de investigações mais precisas tinham se perpetuado.
Uns poucos exemplos poderão dar uma ideia do que tem sido realizado. Por um longo período, foi comum (e muito frequentemente ainda o é) opor-se incondicionalmente â nobreza de 'espada' à nobreza de 'toga', ou seja, uma nobreza hereditária a uma nobreza adquirida através da nomeação para determinadas funções judiciárias importantes. Os jufzes dos parlamentos franceses eram por vezes caracterizados como burgueses. A cuidadosa tese de Jean Meyer sobre a nobreza bretã do séc. XVIII8, provou irrefutavelmente que não havia um único burguês e muito pouca burguesia original no Parlamento da Bretanha e que não havia diferença entre a nobreza de espada e a nobreza de toga. Os membros do Parlamento da Bretanha eram descendentes das famílias nobres mais antigas que administravam a justiça nas próprias províncias. Obviamente, o que é fato para a Bretanha pode não ser igualmente verdade para outras províncias; a tarefa do historiador é efetuar um estudo tão meticuloso sobre os membros dos outros Parlamentos provinciais franceses quanto o que foi feito para a Bretanha.
Tomando um exemplo bastante diferente, parecia ser muito comum na França o crescimento do sistema senhorial (que os marxistas denominam feudal); um édito de Luiz XIV foi algumas vezes citado para mostrar como as últimas posses alodiais se deram sob aquele reinado. R. Bourtrüche, em estudo sobre a posse alodial na região de Bordeaux chamou nossa atenção para o fato de que terras e camponeses completamente livres por vezes sobreviveram na Idade Média9. Em seu livro sobre o sul da Auvérnia, Abel Poitrineau, baseando-se em documentos cartoriais, mostra que a proporção de posse alodial em várias comunidades rurais daquela província no século XVIII chegou algumas vezes próxima dos 50%'°. Provavelmente,este fenómeno terá diso comum também em outras partes do país (principalmente no centro, leste e sul da França). O resultado dessas várias pesquisas é a conclusão inevitável (mas não precipitada), de que uma parte da França durante o Antigo Regime (e, por definição, também durante a Idade Média) não se submeteu ao sistema senhorial.
Constatou-se que certos costumes feudais, como a mão-morta, tinham sobrevivido em partes longínquas do leste da França. Voltaire certa vez se referiu aos 'serfs du Mont Jura'; no século XVIII, o rei libertou os últimos servos que vivam nas terras onde ele era senhor. Novas pesquisas de Abel Poitrineau e Pierre de Saint-Jacob sugerem que, na França central poder-se-iam encontrar grupos importantes de camponeses submetidos â mão-morta; muitos outros casos são revelados noestudo de Régine Robin sobre o norte da Borgonha (Auxois). É possível que um quinto dos camponeses dessa pequena região tenham vivido sob um sistema que era, de fato, uma forma de servidão atenuada" . Aguardam-se outras descobertas da mesma natureza para a França ocidental. Esse fenómeno não era conhecido nem compreendido até que fossem feitos estudos minuciosos ao nfvel da aldeia e do domínio senhorial.
Nossa imagem da França rural desse período tem sido alterada substan¬cialmente pela perspicácia
desses novos estudos. Assim, por exemplo, a penetração do trigo indiano na Aquitânia, no século XVIII (uma velha asserção que mesmo Fernand Braudel pensou repetir recentemente) é agora datada do século XVII. Baseia-se esse conhecimento inteiramente na pesquisa de jovens historiadores que se interessaram pêlos pequenos mercados de trigo do sudes-te da França12. A ideia, frequentemente reafirmada, de que a metade do sudeste francês utilizava um sistema de rotação bienal nos seus campos de trigo, foi destruída quando publicado por uma associação regional de estudos, diário de viagens escrito por J. F. Henry de Richeprey - agronomista e oficial do rei13. Agora se reconhece que a rotação bienal não era a regra; todos os tipos de rotação foram usadas no sul (e uma variedade ainda maior no oeste).
As atitudes tão diversas dos camponeses em relação ao clero têm sido explicadas a partir de referências ao valor do imposto eclesiástico de uma determinada região. No sul da Bretanha esse tributo era baixo (3%), enquanto que no sudeste era muito alto (10 a 12,5%)14. O clericalismo de uma região e o anticlericalismo de outra têm raízes mais antigas do que por vezes se ima-ginou. Poderíamos continuar demonstrando indefinidamente o quanto as novas pesquisas locais e ruraistêm contribuído para mudar nossa visão do passado europeu. É importante mencionar que tais pesquisas não se resumem unicamente àquelas dos historiadores franceses, trabalhando com materiais franceses: devemos citar também a renovação da história inglesa, belga e dos Países Baixos como resultado dos estudos locais realizados por W. G. Hoskins, sobre Leicestershire, Joseph Reiwet sobre Herve e B. Slicher van Bath, sobre Overijssel15.
A prática cuidadosa da história local e a multiplicação de monografias sobre regiões específicas, podem levar muito mais além; podem destruir muitas das concepções gerais anteriormente consolidadas em tantos livros, ensaios e palestras. Assim, por exemplo, a tão falada 'crise' do século XVII e a 'revolução agrícola' do século XVIII, certamente devem ser reconsideradas à luz dos materiais que têm sido trabalhados na atualidade.
Seria necessário, provavelmente, ao menos na França, um livro inteiro só para levantar as questões (sem mesmo procurar destruí-las) sobre o mito da 'crise' do século XVII. O próprio termo 'crise' é inadequado; crise em francês significa um fenómeno violento mas breve, embora o uso da palavra nesse sentido pareça estar desaparecendo. Mesmo em nosso estudo sobre Beauvaisis* não encontramos justificativa para a ideia de que tenha havido séria crise no período anterior a Fronda, a não ser pelo incidente das epidemias e da consequente alta taxa de mortalidade, fato comum no século XVII (assim
Beauvaisis era um antigo território da França cuja capital era Beauvais. Atualmente faz parte do departamento de Oise. (Nota da Tradutoral
como no XVI). Nos anos de 1630 a população de Beauvais crescia, os preços subiam, embora vagarosamente, as rendas dos proprietários de terra aumentavam e a produção têxtil atingia novos níveis. Foi somente na segunda metade daquele século que as condições pareceram deteriorar-se; é interessante observar que estudos locais posteriores em áreas diferentes sugeriram padrões diversos. Pierre Deyon em um estudo exaustivo sobre as cidades têxteis do norte, particularmente Amiens, demonstrou com estatísticas surpreendentes o caráter do crescimento industrial naquela área, sustentando assim nossas observações sobre o 'jubiloso reinado' de Luiz XIII. A atividade têxtil renasceu após 1660, época em que Colbert foi ministro; a 'crise' industrial foi corretamente deslocada para os últimos anos do reinado de Luiz XIV16. René Baehrel em sua tese não burilada, diferente, embora substancial, pôs de lado a concepção de que houve uma crise na Provença rural do sul, no século XVII: o autor lançou a ideia de um desenvolvimento geral, em condições interrompidas por períodos mais difíceis a cada trinta anos17. E. Lê Roy Ladurie, nas suas pesquisas sobre a região vizinha à Provença, transferiu a chegada de uma depressão para os anos que se seguiram à guerra da Holanda, ou seja, para a década de 1680. Sua nova pesquisa,
especialmente pelo uso metódico dos documentos relativos ao imposto eclesiástico, levou-o a conclusão de que houve contínua prosperidade durante a época de Colbert, chegando a uma espécie de ápice entre os anos de 1660 a 1680, quando a produção agrícola foi maior. No sul da França a Fronda nunca teve importância; como não houve escassez nos anos cinquenta e sessenta, a quase totalidade do século XVII - pelo menos até 1680 ou 1690 - foi caracterizada pela expansão18. Michel Morineau descobriu através de estudos nos arquivos e bibliotecas dos Países Baixos, que os tesouros americanos entraram em maior profusão na Europa na segunda metade do século XVII e não no século XVI, ideia tão cara a E. J. Hamilton e P. Chaunu19. Assim, uma série de estudos locais nos tem levado a forte questionamento das opiniões sempre reproduzidas sobre a crise geral do século XVII. Se ela ocorreu, foi bem para o final do século, pelo menos na França.
Obviamente, a discussão está longe de ser esgotada; novas pesquisas irão talvez suscitar novasopiniões e reavivar antigas. É quase certo, porém, que sem monografias provinciais sérias (escritas por historiadores profissionais e não por amadores), não teria sido possível uma revisão geral como a sugerida.
A 'não revolução agrícola', associada à Michel Morineau, envolve um período para nós ainda mais próximo. O autor chegou a uma série de conclusões surpreendentes a partir de um estudo cuidadoso, que cobriu vários séculos, de registros de impostos eclesiásticos e propriedades agrícolas: na Idade Média, nos séculos XVI, XVIII e mesmo XIX, onde prevaleceram as mesmas condições climáticas, de ordem política e os mesmos produtos foram cultivados, observam-se os mesmos rendimentos agrícolas; quando em alguns períodos, a produção declina, as razões são facilmente identificáveis: guerras, condições climáticas ruins, perturbações sociais, fechamento de mercados. Em geral, o século XVIII combinou condições razoavelmente favoráveis, mas a produção não foi substancialmente maior do que já havia sido; ela apenas reproduzia os melhores índices de períodos anteriores. Um jovem historiador da Sicília, Maurice Aymard, utilizando os mesmos métodos em local bastante diferente, sustenta que o rendimento dos férteis campos sicilianos de trigo no século XVIII é o mesmo da época de Cícero. Parece ter existido um limite superior e invariável da produção agrícola. Antes dos séculos XIX ou XX nSo se pode observar nenhum crescimento acelerado. As mudanças que os historiadores pensavam estar descobrindo eram de curta duração ou ainda variações geográficas entre diferentes regiões20. Nem todos os historiadores estão prontos a aceitar as teses por demais chocantes propostas por Morineau. Tentam descobrir outros exemplos regionais para refutá-lo; frequentemente, porém, são mais comparações dos períodos ruins do século XVII com períodos melhores do século XVIII. Por certo há que se ter em mente a ideia de um limite tecnológico apropriado para a maioria das regiões. As pequenas variações entre os rendimentos máximo e mínimo (cada um sendo pertinente a diferentes regiões) provavelmente expressa o que era verdade na maior parte do tempo. A verdadeira revolução agrícola só 'decolou' muito tardiamente — quase em todos os lugares na segunda metade do século XIX, ou mesmo depois; algumas vezes ainda mais recentemente.
A história demográfica, um ramo da história muito vigoroso atualmen-te, deve seu desenvolvimento ao tipo mais restrito da história local. Esse campo estava vegetando, tendo como base rumores e teorias infundadas, até que historiadores e estatísticos se interessaram por documentos simples, desprezados, porém abundantes: os registros paroquiais. Jean Meuvret, utilizando-se de registros paroquiais de Gien (no rio Loire)e de muitos outros lugares, apontou para a relação entre as crises económicas e as demográficas do norte da França, no século XVII, e para o enfraquecimento dessas crises após a metade do século XVIII. Um exame em cerca de trinta paróquias em Beauvaisis foi a primeira tentativa para se fazer séria análise demográfica de toda uma região. Louis Henry, utilizando-se do arquivo de Crulai (na Normandia), deu novo impulso ao uso profissional de tais informações, apresentando pouco depois as regras bem definidas do método (agora não mais questionado), apropriado para este estudo. O reconhecimento do valor dos documentos paroquiais (numa época em que na França os censos eram raros, não muito conhecidos e difíceis de serem
trabalhados) permitiu a realização de estudos sobre fecundidade, casamento e mortalidade infantil com um nível de exatidSo nunca antes atingido. A crescente produção monográfica logo demonstrou que nem a França, nem a Europa se pareciam com Crulai ou Beauvaisis, embora permitisse aos historiadores levantar uma série de novas questões: por exemplo, sobre o início das práticas de controle de natalidade, de cuidados infantis e mobilidade em geral. O problema da legitimidade e das relações sexuais anteriores ao casamento, com padrões tão diferentes entre a França e a Inglaterra e talvez tão características de certo tipo de mentalidade moderna21, não poderiam ter sido examinados antes do aparecimento de censos bem sistematizados (na França, em 1840). Para períodos anteriores, somente os registros paroquiais fornecem a chave para todos esses problemas; sem esses documentos, tais problemas não poderiam nem mesmo ser abordados.
O sucesso dos estudos históricos locais e regionais na França, tem sido considerável. As razões para isso não residem simplesmente nos métodos utilizados. Antes há que se notar o quanto de inspiração para tais estudos provém da Escola dos Annales. Crítica severa das ideias tradicionais e preconceitos elitistas, essa escola chamou atenção para novos grupos sociais e promoveu felizes associações interdisciplinares de historiadores e estudiosos de economia, psicologia, biologia e demografia. Essa nova geração, talentosa o suficiente para se fazer notar, foi quem possibilitou a recuperação dos estudos históricos a partir de novos métodos e ideias.
Mas todo sucesso traz consigo excessos. Como o trabalho histórico na França tem sido realizado principalmente em universidades, tende a reproduzir imperfeições daquelas. Logo, uma imitação servil da inovação estabelece nova tradição, ou uma contestação violenta e negativa acaba frequentemente reforçando a questão discutida originalmente. Já se pode prever o nascimento de outra novidade, aquela tributária do contato entre a linguística, a psicanálise e a história22 (tão logo psicanalistas e linguistas concordem em estudar arquivos e historiadores em estudar linguística e psicanálise). Pode também ter lugar violenta reação política e ideológica, fazendo com que os historiadores franceses recuem cinquenta anos ou mais.
Em período mais recente, grande número de alunos em final de graduação e historiadores recém formados, dedicaram-se às monografias sobre paróquias. Por um ano (para o diploma mémoires de maítrise*) ou por vários (para a tese do troísième cycle, um tipo de PHd), analisaram, utilizando fontes, os diferentes aspectos da vida de uma ou mais paróquias, em geral do século XVIII. Esse século deixou fontes abundantes e variadas, geralmente de fácil leitura. Em geral, o trabalho dos principiantes vale tanto quanto o de seus idealizadores (e do professor que os orientou), e frequentemente confirmam o que já' era conhecido. Entretanto, alguns realmente contêm certas ideias novas e fornecem informações inesperadas — um exemplo disso está nas novas informações obtidas a respeito das atitudes dos vinicultores de fie de France do século XVIII23 frente ao controle da natalidade, ou na composição das comunidades nas aldeias de Brie (leste de Paris) do mesmo século24. Acreditava-se que nas comunidades de Brie predominavam os camponeses ricos; já se encontraram, entretanto, várias comunidades onde havia predomínio dos pobres, numerosos jornaleiros que se uniram contra os camponeses ricos com a ajuda do Intendente Geral de Paris. Muitas dessas monografias paroquiais são fracas, merecendo o esquecimento; outras porém, são excelentes. A memória de maítrise n3o chega a ser exatamente uma dissertação de mestrado, como a existente no Brasil; o dicionário Micro Robert a define como "trabalho individual apresentado pêlos estudantes após a licenciatura" (Micro Robert, Dictionnai-re du Français Primordial, Paris, S.N.L.
— Lê Robert, 1971). (Nota da Tradutora) Assim sendo, a multiplicação dessas monografias beira a superprodução e apresenta pelo menos três desvantagens: em primeiro lugar, é difícil encontrá-las, lê-las ou sintetizá-las, ainda mais se lembrarmos que a maior parte não está publicada. Em segundo lugar, é improvável que um aluno em final de graduação ou um historiador inexperiente possuam competência suficiente para lidar
com os diferentes elementos necessários à boa análise local; leis, instituições, economia, demografia, sociologia e religião não são assuntos dominados facilmente e, em última análise, há sempre o perigo de retorno ao amadorismo. Por último, mesmo quando a monografia é boa, a descrição isolada de uma aldeia levanta mais problemas do que traz soluções: a informação fornecida terá significado local, provincial, ou geral? Para decidir essas questões, outras monografias, de paróquias vizinhas seriam necessárias, tornando as demandas e as questões infinitas.
A solução, obviamente, está na sistematização do estudo monográfico. No domimio da demografia, essa sistematização é garantida pela Société de Démographie Historique em colaboração com aÉcole Pratique dês Hautes Études, pelo Institut National d'Études Démographiques e por algumas universidades; as duas primeiras instituições asseguram a publicação das melhores monografias (ou, quando isto não é possível, pelo menos seu resumo). Em Aix (Provença), o trabalho de estudantes em final da graduação tem sido dire-cionado para a análise social das comunidades rurais do século
XVIII. Em Caen, Pierre Chaunu faz o mesmo esforço de sistematização para a Norman-dia. No Centre de Recherches sur lês Civilisations de 1'Europe Moderne de Paris, Roland Mousnier concentrou o trabalho de seus estudantes em torno de alguns temas: revoltas do século XVII, funcionários do governo do Antigo Regime e a sociedade parisiense durante o mesmo período25. A dificuldade é alcançar realmente publicações coletivas satisfatórias. Amplos estudos provinciais continuam a ser empreendidos, e muitos estão perto da publicação. Esperamos estudos sobre Anjou, norte da Normandia, a região sul de Paris, Lorena, Delfinado, Provença, Toulouse e Gasconha; outros seguirão um pouco mais tarde26. Esses estudos mais extensos são o único meio de verificar a validade de velhas ideias e proposições, ou de desco¬brir novos problemas e hipóteses. A nova tendência, ao nosso ver correta, é a de examinar um ou dois problemas em uma ou duas regiões. Assim, por exemplo, o trabalho original e interessante de François Lebrun sobre os homens e a morte em Anjou durante os séculos XVII e XVIII é aguardado com grande impaciência. Dois de nossos melhores alunos optaram recentemente por concentrar seus esforços no problema do casamento em Champagne e no problema da nomeação na França ocidental, do século XVI ao XIX. Amplos estudos provinciais, concentrando-se num problema importante, através de uma análise que abarque um longo período (um século ou mais) é talvez o melhor procedimento a ser tomado por aqueles que desejam manter-se fiéis á ideia de investigar a história local/provincial.
NOTAS:
8 Jean Meyer, La noblesse bretonne au XVIIIe siècle, 2 vols. (Paris, Imprimerie nationale, 1966). 9 Robert Bourtrúche, L'alleu en Bordelais et en Bazadais du Xle au XVIIIe siècle. (Paris, 1947). 10 Abel Poitrineau, La vie rurale en Basse-Auvergne au XVIIIe siècle, 1726-1789, 2 vols. (Paris, Presses Universitaires de France, 1965), especialmente pp. 341-344. Por exemplo, o advogado Guy Coquile (1523-1603) escreveu Histoire du pays et duche de Nivernais (Paris, Vefue A. L. 'Angelier, 1612); outro advogado, António Loisel (1536-1617), escreveu Mémoire dês pays, villes, comté et comtes, evesché et evesques, pairrie, commune et personnes de rénom de Beauvais et de Beauvaisis (Paris, S. Thiboust, 1617). Uma história provincial do século XVII é Histoire du Berry et du diocese de Bourges (1689). No século XVIII, as histórias provinciais mais famosas foram: Claude Courtépée e Edmé Béguillet, Description géneále et particuliére du duche de Bourgogne, 7 vols. (Dijon, 1751-1767), e aquelas por histo¬riadores beneditinos tais como Dom Vaissete (Languedoc), Dom Maurice (Bretagne), e Dom Plancher. Para conhecimento geral desse tipo de estudo, ver as bibliografias francesas, tais como: Henry Hauser, Lês sources de /'histoire de France, XVIe siècle, 4 vols. (Paris, A. Picard, 1906-1915); Louis André,
Lês sources de 1'histoire de France au XVIIe siècle, 8 vols. (Paris, A. Picard, 1913-1935), especialmente vol. 8, cap. XIV, "Histoire provinciale et locale". Uma bibliografia quase exaustiva dessa literatura está em Robert de Lasteyrie e René Gandilhon, Biblíographie génerále dês travaux historiques et archéologiques publiés par lês sociétés savantes de Ia France (Paris, Imprimerie nationale, 1944-1961). Sébastien Vauban, Project d'une dixme royale (Paris, F. Alcan, 1933); para a me¬mória sobre a eleição de Vézelay, ver pp. 274-295; para exemplos da Normandia, ver pp. 39-42 (e demais páginas). Messance, Recherches sur Ia population dês généralités d'Auvergne, de Lyon, de Ftouen. . . (Paris, Durand, 1766); Messance, Nouvelles recherches sur Ia population de Ia France. . . (Lyon, 1788). Alexis de Tocqueville, L'Ancien Regime et Ia Révolution; ver o Appêndice, Dês pays d'Etats et en particulier du Languedoc, especialmente as últimas linhas. Alphonse Feillet, La misàre au temps de Ia Fronde et Saint Vincent de Paul (Paris Didier, 1862). Lucien Febvre, Phillipe II et Ia Franche-Comté (Paris, 1911), a ser republicada resumidamente pelaËcole Pratique dês Hautes Études e a Maison dês Sciences de 1'Homme. Gaston Roupnel, La ville et Ia campagne au XVIIe siècle, étude sur lês populations du pays dijonnais (1922), 2? ed. (Paris,Colin, 1955, pela Ëcole Prati¬que dês Hautes Ëtudes, Seção VI).
11 Pointrineau, La vie rurale en Basse Auvergne; Pierre de Saint-Jacob, Lês paysans de Ia Bourgogne du Nord au dernier siècle de /'Ancien Regime (Paris, 1966), pp. 38-40; Régine Robin, La société française en 1789, Semur-en-Auxois (Paris, 1970), p. 120: "L'Auxois est terre de mainmorte, 20% dês paroisses du bailliage sont mainmorta-bles". 12 Fernand Braudel, Civilisation matérielle et capitalisme, l (Paris, Colin, 1967), 126 (Trigo indiano, séc. XVIII); Emmanuel Lê Roy Ladurie, Lês paysans de Languedoc (Paris, Flammarion, 1969), p. 71 (Trigo indiano, 1637-1678); Georges e Geneviève Freche, Lê prix dês grains, dês vins et dês legumes à Toulouse, 1486-1868 (Paris, Presses Universitaires de France, 1967), especialmente pp. 20-22 ("De 1'apparition du maVs dans Ia mercuriale," em 1639, certamente, em 1618, com dúvidas). 13 Journal dês voyages en Haute-Guienne de J. F. de Richeprey, in H. Guilhamon, Ar¬quives historiques du Rouergue, XIX (Rdez, 1952); ver especialmente os casos de Sainte-Eulalie du Larzac, p. 140, de Compeyre, p. 168, e muitos outros. 14 Para a Bretanha, Henri Sée, Lês classes rurales en Bretagne du XVIe siècle à Ia Révolution (Paris, V. Giard et Brière, 1906) e alguns estudos de meus antigos alunos em Rennes, infelizmente não publicados. Para o sudeste, ver o excelente livro de Armand Sarramon, Lês paroisses du diocese de Comminges en 1786, in Collection de Documents inédits sur 1'histoire économique de Ia Révolution Française (Paris 1968). 15 W. G. Hoskins, Studies in Leicestershire Agrarian History in Leicestershire Archeolo-gical Society (1949), e Essais in Leicestershire History (Liverpool, University Press, 1950). Joseph R u wet, L 'agricultura et lês classes rurales au pays de Herve sous /'An¬cien Regime (Liège, 1943). B. Slicher van Bath, Ben samen/eving onder spanning: geschiedenis van hetplatteland in Overissel (Assen, Van Gorcum, 1957). 16 Pierre Deyon, Amiens, capitale provinciale, étude sur Ia société urbaine au XVIIe siècle (Paris e The Hague, Mouton, 1967), especialmente cap. XIII, e Laproduction manufacturièreen France et sés problemesen XVIIe siècle, n. 70-71 (18661,47-63. 17 René Baehrel, Une croissance, Ia Basse-Provence rurale, fín du XVIe siècle-1789. (Paris, S.E.V.P.E.N., 1961). 18 E. Lê Roy Ladurie, Lês paysans de Languedoc, e "Enquêtes en cours, Dimes et produit net agricole," Annales: économies, sociétés, civilisations, 24 (1969), 826-832. 19 Michel Morineau, "D'Amsterdam à Séville, de quelles réalités Thistoire dês prix est-elle lê miroir?" Annales: économies, sociétés, civilisations, 23 (1968), 178-205 (ver p. 196 para os dados de 1661-1700). 20 Sobre a nSo revolução agrícola, ver: M. Morineau, "Y a-t-il eu une révolution agri¬cole en
France au XVIIIe siècle?" fíevue historique, 92 (1968), 299-326; Denis Richet, "Croissance et blocages en France du XVe au XVIIIe siècle," Annales: économies. sociétés, civilisations, 23 (1968), 759-787; E. Lê Roy Ladurie, citado acima, na nota n? 18; M. Morineau, Révolutions invisibles en France au XVIIIe siècle. agriculture et démographie, a ser publicada nos Cahiers dês Annales (1970 ou 1971). 21 Ver meu artigo "Historical Demography and the Reinterpretations of Early Modern French History: A Research Review", Journal of Interdisciplinary History, n. 1 (1970). 22 Robin, La société frança/se en 1789, pp. 229-343, "Lê vocabulaire dês cahiers de doleances". 23 Michel Tyvaert e Jean-Claude Giacchetti, Argenteuil, 1740-1790, étude de démogra-phie historique, in Annales de démographie historique (1969), pp. 40-61. 24 Maryvonne Brassens, "Recherches sur lês biens communaux a l'Est de Paris", me-moire de maïtrise não publicada, Sorbonne, Paris, 1970. 25 Ver Annales de démographie historique (1969), pp. 11-292 (vinte estudos mono¬gráficos); Michel Vovelle, "Etat présent dês études de structure agraire en Provence à Ia fin de 1'Ancien Regime", Provence historique, n. 74 (1969), 450-484. Annales de Normadie e Cahiers dês Annales de Normadie (estudos dirigidos por Pierre Chaunu). Publicações do Centre de Recherches. sur lês Civilisations de l'Europe Mo-derne, dirigida por Roland Mousnier; as mais recentes publicações são de Madelei-ne Foisil, La revolte dês Nu-Pieds et lês revoltes normandes de 1639 (Paris, 1970), e Roland Mousnier e outros. Lê Conseil du Rói de Louis XII à Ia Révolution (Paris, 1970). 26 A ser publicada em breve, tese sobre Anjou, por François Lebrun; a serem publica¬das nos próximos anos, região sul de Paris, por Jean Jacquart; norte da Normandia, por G. Lemarchand; Lorena, por G. Cabourdin; Delfinado, por B. Bonnin; Proven-ça, por M. Vovelle e R. Pillorget; Toulouse, por G. Freche; Gasconha, por Anne Zink.